Não vim a este mundo com o desejo de trazer ao povo o conceito de um Poder Supremo teórico, de uma Mente Suprema teórica, de uma Consciência Suprema teórica, daquilo a que costumavas chamar Jeová ou Javé, Deus de Israel, o Pai de Israel. Mas antes, vim a este maravilhoso mundo para vos mostrar uma forma de poderem encontrar paz e felicidade, e experimentar uma verdadeira satisfação dentro de vós mesmos, tendo uma ligação real e viva com estas vibrações de amor desse Poder Supremo, dessa Mente Suprema, dessa Consciência Suprema que vos banha verdadeiramente como um oceano espacial, mesmo dentro de vós próprios, bem como para vos mostrar como sentir e descobrir estas vibrações de amor.
E depois disso podíeis acreditar nas minhas palavras, pois podíeis experimentar tudo isto por vós próprios e confirmar assim a verdade das minhas palavras na vossa própria vida.
Escolhi jovens simples e vulgares que tinham mais hipóteses de não se assustarem com tal caminho para dentro que negaria completamente o caminho que lhes tinha sido traçado pelos rabinos e fariseus, pelos escribas e mestres das escrituras que chamaram santos ao longo dos séculos.
Ao dizer que escolhi homens comuns que viveram naquela geração e naquele lugar onde eu estava na minha missão de revelar esse mesmo Deus - Pai - a todos os homens, refiro-me a pessoas comuns que estavam inclinadas a acreditar na minha palavra e nos meus ensinamentos de um só Deus, o Pai, a todos os homens e a uma inter-relação de fraternidade entre todos os homens.
No entanto, não se deve pensar que esses simples homens não eram de todo instruídos, nem sequer sabiam ler. Eram todos licenciados das então existentes escolas da sinagoga. Enquanto estiveram nessas escolas, receberam uma boa formação tanto na escrita como na leitura, e no conhecimento do mundo daquela época e na compreensão das chamadas Escrituras à medida ensinada pelos professores daquela época. E essa compreensão ajudou-os de certa forma a lidar com a sua vida diária porque cada dificuldade ou fracasso, atribuíam ao favor ou desagrado de Deus ao homem. Se um homem tinha a sua vida em abundância, isso significava que Deus amava aquele homem e lhe mostrava favor, demonstrando uma maior atenção que se manifestava na riqueza material e numa vida material melhor. Entretanto, para aqueles que tinham uma vida dura, que eram aleijados ou doentes, que tinham de sofrer aflições físicas e que, de acordo com o então entendimento, eram repudiados pela abundância da misericórdia de Deus, nada mais testemunharam senão o facto de que Deus não amava assim tanto aquelas pessoas.
Devido a essas crenças que receberam nas escolas da sinagoga, enquanto rabinos, além disso, nas suas academias onde o então ensino dos rabinos colocava a ênfase de que só eles e os escribas tinham autoridade exclusiva dada por Deus para lhes ensinar a todos os outros judeus o que consideravam ser as verdades das Escrituras, e por isso Deus mostrou-lhes um favor ainda maior e aproximou-se deles. Uma sociedade tão estratificada não tinha remorsos de que tudo fosse regulado dessa forma desde o próprio momento do nascimento do homem. Tanto mais que, nesta estrutura, não havia lugar para as mulheres. Elas não recebiam qualquer educação, mesmo naquelas escolas sinagogas primitivas. O ponto de vista judeu sobre as mulheres era degradante, como sobre uma pessoa de segunda categoria, cuja única tarefa era dar à luz crianças e cuidar da educação de crianças até aos cinco anos de idade. Para além desta idade, toda a responsabilidade pela educação da criança passaria para as mãos do pai. É verdade, isso aplicava-se apenas aos rapazes. Os cuidados das raparigas permaneciam nas mãos das suas mães. No entanto, o seu único dever era preparar a rapariga para a maternidade.
Entretanto, os gentios não eram considerados pelos judeus como sendo sequer pessoas. Eram iguais aos animais. E mesmo a morte de um gentio não era considerada como um pecado. Esta atitude errada dentro da sociedade que se via como um povo excepcional, que tinha sido confiado pelo Pai de Israel, Javé, com um papel especial - como o único povo a entregar um ensinamento das suas próprias Escrituras como da verdadeira fonte - não podia de modo algum trazer um amor mútuo e um forte laço e associação espiritual.
Desde que este sistema foi introduzido logo no nascimento de uma criança e continuou ao longo da vida do homem, dominado pelo papel dos rabinos com o seu ensino distorcido sobre Deus que castigou um homem desobediente e mostrou um favor excepcional àqueles de quem Ele gostava, era uma pequena hipótese que entre os judeus pudesse aparecer um homem livre que pudesse ultrapassar este ensino escravizando a mente, de modo que pelo seu próprio ensino ele tentaria explicar aos outros que Deus amava todos uniformemente e sem qualquer cálculo. Ele amava igualmente não só os judeus mas também os gentios que eram tão odiados pelos judeus, que nem sequer eram tratados como humanos.
E a opressão romana foi desprezada pelos judeus, embora eles não lhe pudessem resistir devido ao seu pequeno número. No entanto, não sendo um povo numeroso, satisfizeram o seu ego interior, mostrando o seu desprezo pelos gentios, mesmo por César, que esses opressores não eram dignos de serem tratados como seus iguais.
Essa era a situação que eu não podia suportar. Como era possível viver sob as condições de tal injustiça? Como era possível ensinar um deus que amava uns enquanto não amava outros, que fornecia riqueza e vivia em abundância material a uns, enquanto negava esta vida semelhante e enviava sofrimento a outros? Como poderia existir um deus assim que exigia um sacrifício de sangue no altar para dar o seu perdão e mostrar o seu favor? E ele não manifestaria qualquer favor a um gentio mesmo pelo sacrifício, meramente devido ao facto de a pessoa ser um gentio.
Este tipo de ambiente e de vida não eram de modo algum aceitáveis para mim.